relembra-me as palavras para quando não estás
no vesúvio da exclusão
como todos os velhos crescerei venenoso, mordendo, devorando, dilacerando
a eternidade é insiginificante
quando tudo está errado ou sobrevivemos aos inimigos
o sangue não assusta
porque estou inexplicávelmente vivo como a ferida que não sara
e falámos tantas vezes sobre o ardil que é o fim do tempo
mas sem alternativa e sem vontade
erguemos tudo à sua imagem
quando a indecisão era inspiração
o caminho era o ar revolto contra os objectivos
acalmia nas resistentes vilas e casas putrefactas
através da virgindade da floresta
na infinitude dos rios
aspirando à ousadia não aos troféus
banhavamo-nos admirando a juventude elástica do corpo
pele sedutora e fragmentada sob a rectidão da luz
agora temos rasgos e rugas sentados sob a luz fria
da cozinha como que rezando
fugindo das mesmas trevas para onde antes correramos
simplesmente
não sufoques o desejo, deixa-o explodir e infectar o que nos rodeia
deixa também a dor rebentar vagarosamente
por entre o desânimo dos rendidos
em todo o lado surgimos sem propósito
brilhando por entre tempestades nocturnas varrendo tudo da estrada
ininterrupta e bela a espera de ser amado
percorrido como só, o teu corpo sabe
chamar sofrer contorcer ondular por mais
é aqui o nosso lugar enquanto for
jogar a mão no precipício e o beijo apagado baloiçando no fio eléctrico